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VIDA MARINHA

(Alex Mesquita e J. Velloso)

 

“Tudo passa.

Mas se acaso a tempestade, cansada de destruir, não mais a terra ameaça,

vem de novo o sol luzir, alentando a natureza.

Tudo passa.

Suporto seu desprazer. 

Teu passado venturoso algum dia há de voltar.

Tudo passa.

Tudo foge.

Tudo voa qual feiticeira, canoa rio abaixo a navegar.

Tudo passa.”

(Anísio Vianna)

Puxa a corda, quilha, corta

Na malha tem peixe

Água fria é quem esquenta homem do mar

Gemido de corda rola, range, sua e soa

Névoa de sal é quem branqueia a beira-mar

 

Vida marinha

Vida minha

Leve-me pra lá

 

Inda que a rosa morena me deixe

Não me deixe na areia

Deixe no mar

 

Vela pra onde quiser, me leve

Me salve desse lugar

Hoje a terra é pura tristeza

Vela me leve pro ronco do fundo do mar

Do mar

 

Eu vou saber do coração dos peixes

Depois beber as ondas das paixões

Saber da moreia qual a sua sede

E da água viva suas tentações

 

Por ser da água temer as redes

Gostar das noites escuras de ilusões

E ver meu deus deitado numa concha verde

E esquecer a vila dos vilões

 

“Não há um só homem que se isente da velhacaria.

Velhaco é o chefe do país que simula patriotismo deixando sua infeliz pátria vazia e cheia de dívidas.

Velhaco é o sacerdote de qualquer seita que seja que mente em suas crenças.

Velhaco é o negociante que engana seus fregueses.

Velhaco é o advogado que arranca os cobres dos contribuintes.

Velhaca é a beata ainda moça, ou velha mesmo, que finge ler o livro de orações.

As formas ensanguentadas do cristo de madeira despertam-lhe sensações agradáveis.

A beata é a maior das velhacas.

A humanidade é a personificação, a personificação da velhacaria!”

(Anísio Vianna)

 

“Eu sou filho de um pobre barqueiro

Fui criado nas ondas do mar

Todo dia meu pai me dizia

Vem filhinho ajudar a remar

 

Fui crescendo, crescendo e cantando

As estrelas no céu a brilhar

Todo dia meu pai me dizia

Vem filhinho ajudar a remar”

(Domínio Público)

J. Velloso - Vida Marinha
(Alex Mesquita e J. Velloso)
CD: Aboio para um Rinoceronte, 2004
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